sexta-feira, junho 08, 2007

PRA QUÊ SERVE A ESCOLA, AFINAL?

Em tese, a família seria responsável pela formação do indivíduo, enquanto a escola responderia por sua informação; não é o que se observa, entretanto, ao longo do desenvolvimento da educação no Ocidente e, como não poderia deixar de ser, no Brasil. Até o início do século XX, a educação dos filhos realmente era tarefa quase que exclusiva dos pais, em especial da mãe. Porém, à medida que a sociedade foi se tornando mais complexa, outros agentes de socialização, em especial a escola, também se responsabilizariam por essas tarefas. É por este motivo que a família, na grande maioria das vezes, deixa o maior encargo da formação dos filhos à escola e, nesse sentido, a orientação sexual não foge à regra.
As escolas procuram inserir a orientação sexual nos currículos e no cotidiano dos seus alunos, mas o tema ainda se encontra rodeado de muitos tabus, porque muitas vezes, essas informações vão de encontro à formação dos próprios educadores enquanto indivíduos. Para Silva (2002, p.33):
A discussão das questões da sexualidade humana traz para a escola muitas das contradições de nossa sociedade, o que desencadeia um movimento de repensar a sexualidade tanto individual como coletiva, nos grupos, possibilitando a construção de novas idéias.

É importante fazer que o educador compreenda que a sua postura é um dos fatores importantes para a formação da identidade sexual do aluno. Não se trata, porém, de fazer um estudo detalhado de história desse educador, mas situá-lo dentro de um contexto a partir de seus preconceitos, idéias, valores, crenças, tabus e de suas atitudes cristalizadas. Seria a atuação do educador repensada a partir do que sugere os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s (2001, p.123), quando falam da orientação sexual nas escolas:
Ao atuar como um profissional a quem compete conduzir o processo de reflexão que possibilitará ao aluno autonomia para eleger seus valores, tomar posições e ampliar seu universo de conhecimentos, o professor deve ter discernimento para não transmitir seus valores, crenças e opiniões como sendo princípios ou verdades absolutas. O professor, assim como o aluno, possui expressão própria de sua sexualidade que se traduz em valores, crenças, opiniões e sentimentos particulares. Não se pode exigir do professor uma isenção absoluta no tratamento das questões ligadas à sexualidade, mas a consciência sobre quais são os valores, crenças, opiniões e sentimentos que cultiva em relação à sexualidade é um elemento importante para que desenvolva uma postura ética na sua atuação junto dos alunos.

Assim, superados esses diversos obstáculos por parte dos profissionais da educação, no sentido de repassar uma visão mais clara da sexualidade aos alunos, a escola pode ser um dos lugares plausíveis para a possibilidade de informar e refletir acerca do tema, principalmente quando começarem a surgir, nessas discussões e reflexões, o não dito, o proibido, o errado, o escondido, o diferente. Paulo Roberto Moreira sintetiza esse pensamento, quando diz que “o papel da escola na socialização é dar condições para que o educando desenvolva a autonomia juntamente com a construção de novos conhecimentos” (1994, p.46).

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